Quando pensamos em um “santo”, provavelmente vêm à nossa mente a visão de um velhinho da Idade Média, que provavelmente teve uma morte horrível e fez algum milagre inusitado, como transformar chá verde em Coca-Cola. É fácil imaginar devotos de joelhos rezando para o santo no dia dele. Também é de se imaginar que ele tenha o nome do que hoje seria um idoso maior do que 60 anos ou uma criança menor de 8, como Antônio, Catarina, Joaquim, Beatriz, Maria, ou João.
A lista de santos católicos, porém, é bem mais extensa do que se imagina. Só o site catholicsaints.info mostra o perfil de 13.715 santos. Cada dia do ano dá pra celebrar, em média, mais de 37 santos. Para um católico extremamente devoto, todo dia deveria ser feriado.
E essa é uma listagem que não pára de crescer.
O Papa João Paulo II canonizou 99 santos em seus 26 anos de papado (entre 1978 e 2005). Uma média de 4 por ano.
O Papa Bento XVI canonizou 45 pessoas em 7 anos (entre 2005 e 2013).
Já o Papa Francisco, como argentino tem que ser melhor em tudo, já canonizou até agora, em 11 anos de papado (desde 2013), 942 santos. É um baita número, mas tem o pulo do gato aí: há um grupo de 813 italianos no meio, os mártires de Otranto, habitantes de uma pequena cidade italiana que, em 1480, foram ameaçados de morte pelo Império Ottomano se não se convertessem ao islamismo. Spoiler: eles não se converteram e os islâmicos parecem ser historicamente bem rígidos à sua palavra quando o tema é matar infiel. Se agruparmos as canonizações coletivas em um único grupo, foram 74 as canonizações de Papa Francisco, uma média de 6 por ano.
Se a matemática da conta não bate (942 – 813 = ?), é porque o papa é mais malandro do que se pensa e tá mandando bala em gerar santo em manada[1]eu tô muito chateado que aparentemente não existe um coletivo de santos na língua portuguesa. Entre eles estão um grupo de 16 carmelitas francesas que foram guilhotinadas em 1794[2]não tem nada mais próprio de uma santa francesa do que perder a cabeça na guilhotina ou os mártires de Natal, que tem nome de filme de final de ano na Netflix, mas é um grupo de trinta cristãos que foram torturados e mortos. Foi em 1645, no Rio Grande do Norte, e eles foram atacados por uma mistura de indígenas com holandeses, quando estavam em cultos religiosos. Os ataques nas redondezas de Natal mataram mais de 80 cristãos, mas como bom argentino o Papa Francisco achou que não dava pra ter tanto brasileiro santo assim, e selecionou só as 30 histórias mais legais, como a do camponês Mateus Moreira, que bradou aos céus a frase “Louvado seja o Santíssimo Sacramento” depois de ter seu coração arrancado[3]a lista dos 30 está aqui[4]ver passo 1: mortes trágicas.
Pelas datas dos exemplos escolhidos, até parece que é necessário ter nascido antes da invenção do letreiro de neon para virar santo, mas não necessariamente.
Foi o próprio Papa Francisco que canonizou os irmãos pastores portugueses Francisco e Jacinta, a quem Nossa Senhora de Fátima em pessoa decidiu aparecer em 1916 e confidencializar umas fofocas. Os dois irmãos morreram por conta da gripe Espanhola em 1918. A prima deles, Lúcia dos Santos, que também presenciou a aparição, morreu em 2005 e ainda não teve tempo de ser canonizada, mas provavelmete será. Ela já foi declarada venerável pelo Papa Francisco em junho de 2023[5]continua lendo que eu já explico o que é venerável.
Outro santo do século atual é a brasileira Irmã Dulce, que morreu em 1992, na Bahia. Uma santa de verdade que já foi entrevistada pelo Fantástico. E se você já se sente velho quando percebe que 1992 faz tanto tempo que nem existia Google ainda, o próximo santo católico é um garoto inglês que nasceu em 1991 e morreu de leucemia em 2006, na Itália: Carlo Acutis, o santo da internet, que tinha seu próprio website religioso (literalmente). Ele também será o primeiro santo milenial e o santo padroeiro do PlayStation[6]Sério. Para alegria do pessoal do site Catholic Game Reviews. Em 2019, o corpo de Carlo Acutis foi exumado e levado para uma tumba de vidro na Igreja de Santa Maria Maggiore, em Assis, na Itália. Ele ainda está lá, supostamente sem sinais de deterioração aparente[7]a mãe teria argumentado que o corpo de Acutis estava intacto, porém o bispo de Assis, Domenico Sorrentino, negou a versão e disse que o rosto do garoto foi parcialmente reconstruído com uma prótese de silicone. Mesmo assim, aparentemente, ter o corpo incorrupto não é uma exigência para uma canonização de sucesso. Que bom., usando calça jeans, uma jaqueta azul-marinho de zíper e um tênis da Nike. Carlo Acutis será canonizado oficialmente pelo Papa Francisco em 27 de abril deste ano[8]odeio dar datas futuras porque vou ter que vir atualizar este texto.

E se teremos um santo que pode ter vivido em tempos recentes o suficiente para ter assistido cortes do Programa Pânico no Youtube, porque nós, que fazemos isso quase diariamente[9]OLHA AÍ A PÁ MALUCA!, também não podemos virar santos?
Podemos, claro. Porém é um processo um tanto burocrático e dispendioso.
Durante os primeiros 1000 anos de Catolicismo, os santos eram proclamados por votação popular. Em alguma curva da história, a Igreja percebeu que deixar o povo decidir é o método mais burro possível de se eleger qualquer coisa. Quem duvida é só ver os políticos que a gente elege ou a lista de 100 maiores brasileiros de todos os tempos, que o SBT montou em 2012 por voto popular e que conta com nomes como Luan Santana, Neymar, Silas Malafaia, e Dedé do Vasco.
Sem a facilidade de uma suposta democracia, a Igreja Católica tem um processo bem mais complexo e burocrático para eleger seus santos.
E, se você sonha em ter uma legião de fiéis, um dia para chamar de seu, quem sabe uma festa com fogueiras e bandeirolas, e estátuas de gesso em igrejas de cidades do interior; então é só seguir este manual cuidadosamente pesquisado:
Passo 1: Morra
Apesar do que alguns políticos bradam em suas campanhas, não dá pra ser um santo e continuar vivo. Todo santo já morreu.
Virar camiseta de saudades é um evento deveras importante em uma canonização. Por isso que tantos santos parecem ter uma dedicação especial à forma como morrem. É mais importante que o nascimento – e, por isso, em todos os exemplos deste texto, o local e número próximo ao nome do santo indicam o lugar e ano de seu final, e não de seu começo. A sabedoria popular está do lado do povo que declarava que João de Santo Cristo era santo porque sabia morrer. A última coisa que você precisa é de uma morte tediosa, então siga as dicas e se planeje.
Se planeje mesmo: Uma das formas de ganhar pontos no jogo da canonização é prever a própria morte. Vários santos sabiam que a hora deles estava chegando e nem por isso colocaram seus próprios nomes no Bolão Pé na Cova[10]enviem suas listas: bolaopenacova.com, mas aceitaram de bom grado o que o destino tinha lhes reservado.
Entre os santos que previram a própria morte, estão Santa Hedwiges (1243), São Boisil (Escócia, 664), São Hubert (Bélgica, 727, morreu rezando o pai nosso), São Joanico (Turquia, 752, um santo que voava, ficava invisível, deixava os outros invisíveis, e era imune à fogo e veneno; podia fazer parte dos Vingadores).
Alguns previram a exata data da morte. Santa Ita de Limerick (Irlanda, 570) chegou à minúcia de prever a hora exata em que bateria as botas. Outros simplesmente devem ter sentido um mau-estar e gritaram “eu vou morreeeeer!”, como Santa Madeleine-Sophie Barat (França, 1865), que já tinha 85 anos quando mandou a previsão, não foi uma coisa tão inesperada.
Às vezes, essa previsão consegue ser ainda mais fácil. Como para o São Felipe de Moscou, morto em 1569. Ele foi nomeado arcebispo de Moscou por Ivan, o Terrível. Mas Philip não achava muito cristão essa mania do Czar Ivan de sair matando gente, então ele foi sentenciado a prisão. Depois o Czar mandou um homem à cela de Philip para matá-lo. Philip, quando viu a visita chegando mandou um “Ah, pronto. Agora que eu morro!” e assim previu a própria morte.
De todos os santos que previram a própria morte, o mais incrível é o St. Rumbold de Buckingham, que nasceu em 662. No seu primeiro dia de vida, ao invés de chorar, o bebê falou “Eu sou Cristão”. No segundo dia, ele já estava dando sermões sobre as virtudes cristãs. No terceiro, ele previu sua morte e deu detalhes de como deveria ser seu enterro. E morreu. Pimba: três dias de vida, falou mais do que Galvão Bueno dando entrevista, e já virou santo[11]eu queria muito ter inventado essa história, mas eu tirei daqui.
São Carlo Acutis, o mais novo membro dos portadores de auréola, também teria previsto a própria morte desde cedo (só podia, já que ele morreu aos 15 anos). Ele teria dito à sua mãe, Antonia, que tinha convicção de que não chegaria à idade adulta e de que morreria por conta de uma “veia rompida em seu cérebro”. Em um vídeo, que eu só encontrei no TikTok, porque os tempos são esses, ele declara que está “destinado a morrer”. No dia 7 de outubro de 2006, Acutis foi levado ao hospital, onde foi diagnosticado com leucemia. Ele falou à mãe que não sairia mais do hospital vivo. O garoto morreu no dia 12 de outubro, depois de uma hemorragia cerebral.
Apesar da morte por motivos naturais ser comum, parece que a Igreja gosta muito mais de uma morte trágica, dolorosa e terrível. Os bispos devem adorar a franquia Jogos Mortais. Quanto mais dramática a morte, mais pontos dá pra fazer com o catolicismo.
Tortura é praxe, mas se arrancarem seus órgãos, é provável que você terá que carregá-los em suas representações eternas. Santa Luzia (Itália, 304) teve os olhos arrancados. Então ela virou a padroeira dos cegos e está segurando uma bandeja com olhos em toda imagem sua. De Santa Agatha (Itália, 251) cortaram os seios. Aí ela virou protetora das mulheres com câncer de mama e está segurando uma bandeja com seios em toda imagem sua. De Santa Apolônia (Alexandria, 249) tiraram os dentes. Aí, adivinha? Ela virou padroeira dos dentistas e está segurando dentes em toda imagem sua.
Mas, de todas as partes do corpo que dá pra cortar fora, a cabeça parece ser a mais popular. Tem tanto santo que é representado segurando a própria cabeça que existe um termo próprio para isso: cefalóforo[12]do grego “carregador-de-cabeça.
Há até subcategorias dentro do grande grupo de santos que foram decapitados.
Por exemplo, aqueles que continuaram falando depois que a cabeça foi cortada: São Nicasius de Reims (407) estava lendo um salmo quando teve o pescoço cortado, mas terminou de recitá-lo mesmo depois que sua cabeça já tinha caído no chão. Já São Justus de Beauvais (França, 287) pegou sua cabeça do chão e ela continuou falando. E São Denis (Paris, 258[?]) devia ser incrivelmente chato, já que deu um sermão religioso inteiro enquanto segurava sua cabeça cortada. Como faz um homem desses parar de falar?
Outra subcategoria dos decepados são os santos que tentaram ser assassinados de formas mais criativas, mas teimaram em permanecerem vivos. Santa Catarina de Alexandria (Alexandria, 305) foi condenada a ser torturada com uma roda dentada, mas assim que ela tocou no aparelho de tortura, ele se quebrou em pedaços. Então a decaptaram. Santa Olivia de Palermo (Palermo, 448) foi mergulhada em um caldeirão de óleo fervente, mas saiu de lá completamente ilesa, e provavelmente com a pele muito macia. Então a decaptaram. Falando em pele, São Bartolomeu (Armenia, 69/71) teve sua pele completamente retirada do corpo. Como ele não pareceu se importar, o decaptaram. Os irmãos São Crispin e Crispiniano também tiveram a pele parcialmente arrancada, e depois tiveram pedras amarradas em seus pescoços, e atirados num rio para morrerem afogados. Mas sobreviveram. Então foram decapitados. São Januário (Itália, 305) foi queimado, mas as chamas não tiveram efeito. Então foi decapitado. Outro queimado foi São Cristóvão (Anatolia, 259), que é um dos meus santos favoritos, já que é padroeiro dos viajantes. Ele saiu visitando lugar por aí, até chegar em um vilarejo pagão. O rei tentou converter São Cristóvão enviando duas belas garotas para testar a tentação do homem[13]eu já viajei muito e isso nunca aconteceu comigo, mas São Cristóvão acabou as convertendo ao catolicismo. Ele então mandou que o prendessem, o alvejou com flechas, atirou ele no fogo e nada disso matou o cara. Então o decaptaram. Santa Cecília (Roma, 235) foi cozinhada viva, mas saiu ilesa do processo. Provavelmente estava só mal-passada, eu gosto de churrasco assim. Foi ordenado que a decapitassem. Após seu pescoço ser atingido por uma espada 3 vezes, ela ainda teimou em ficar viva. O executor desistiu de cortar essa cabeça e a santa ficou viva por mais 3 dias até que cansou de segurar a traquéia e morreu.

(Marco d’Agrate from c.1562 – em exibição no Domo de Milano)
Entre outros santos que tiveram a cabeça cortada temos São Paulo (Roma, 65): sua cabeça quicou no chão 3 vezes depois de cortada e surgiu uma fonte de água em cada um dos pontos onde ela tocou[14]curiosamente, existe outro santo com exatamente a mesma história: São Baudilus (França, séc III); São Valentim (Itália, 269): morreu mais precisamente no dia 14 de fevereiro; e sim, o Valentine’s Day aparentemente celebra a decapitação do santo; São João Batista (Jordão, 28~30) também teve a cabeça cortada; e pela data, Jesus ainda estava andando por aí quando já tinha santo sendo decapitado.
Falando no Homem, ser crucificado também parece melhorar suas chances. Além de São Dimas (Jerusalém, 33), que o local e ano já deixam meio evidente que era um dos ladrões crucificados ao lado de Cristo, outros santos padeceram desse destino. Santo André (Grécia, 60) pediu para sua cruz ser em formato de X, porque se achava indigno de morrer da mesma forma que Cristo. São Pedro (Roma, 64) pediu para ser crucificado de ponta cabeça, porque se achava indigno de morrer da mesma forma que Cristo. São Felipe (Turquia, 80) é outro apóstolo que também teria sido crucificado de ponta-cabeça. Santa Vilgeforte (Portugal, 139) era uma jovem de 20 anos prometida em casamento a um pagão. Ela rezou a Cristo para que não precisasse se casar e no dia seguinte acordou com uma baita barba, o que fez o noivo fugir. Já seu pai ficou fulo da cara e a crucificou.
Na falta de uma cruz ou de espadas, qualquer coisa serve para matar um santo.
Santa Margaret Clitherow (Inglaterra, 1586) foi esmagada por um monte de pedras. São Sebastião (Roma, 288) não foi pelas flechas, onipresentes em suas representações. Ele foi espancado até a morte depois que as flechas não funcionaram. Santo Simão Zelotes (65) tem várias versões de morte trágica, mas na mais engraçada, ele é cortado ao meio com um serrote. Santa Marciana (Mauritânia, 304) foi atirada em uma gaiola de animais selvagens e teve o pescoço mutilado por um tigre. São Cassiano (Ímola, 363) morreu apanhando de um bando de criancinhas[15]Mais uma prova que lugar de criança é na cadeia..
Um dos santos com a melhor das histórias de vida (e morte) foi São Lourenço (Roma, 258), padroeiro dos humoristas. Depois da morte do Papa Sisto II, São Lourenço, diácono da Igreja, é chamado e apresentado perante o prefeito de Roma, Cornelius Saecularis. Este ordena-lhe que entregue o dinheiro e os livros de contas da Igreja. São Lourenço pede então para voltar no dia seguinte e promete entregar-lhe toda a riqueza da Igreja. No dia seguinte, Lourenço apresenta-lhe uma multidão de crentes, pobres, doentes, e mendigos, dizendo: “Estes são os verdadeiros tesouros da Igreja.” O prefeito não gostou nada do chiste e respondeu: “Pagarás a fraude com a morte. Morrerás a fogo, em cima de uma grelha.” Uma multidão acompanhou o martírio de São Lourenço sendo queimado vivo. Suas últimas palavras teriam sido “Este lado já está assado. Podem me virar”. Por conta da piadinha, São Lourenço virou o santo padroeiro dos humoristas. E, provavelmente por saber o ponto da carne, também é santo padroeiro dos cozinheiros.
Contrariando o que eu aprendi no filme Constantine, de que os suicidas não vão para o céu, existe até história de santo que se suicidou: Santa Pelagia, a Virgem (Turquia, 311) se atirou de uma ponte para fugir de soldados romanos que queriam fazer “atos obscenos” (podem ser pagões ou sexuais, cada um pense o que quiser) com ela.
E, por fim, tem Santa Eulália (Barcelona, 303), que completou a cartela: ela foi presa em uma cela minúscula, chicoteada, teve parte da pele arrancada, obrigada a andar em brasa fervente, teve os seios cortados, foi apedrejada, açoitada com ferro quente, mergulhada em óleo fervendo, banhada em cal ardente, colocada num barril cheio de facas e vidros que foi rolado ladeira abaixo (coincidentemente na ladeira de Santa Eulália, em Barcelona), e depois de tudo isso, crucificada, e finalmente decapitada. Ufa. Coisa demais para uma criança de 13 anos[16]vai contando: https://www.stoketravel.com/stokepedia/the-horrible-history-of-barcelonas-saint-eulalia.
Passo 2: Monte um time de relações públicas
Você morreu! Eba!
Parabéns, o primeiro passo está dado. Porém, morrer é a parte mais fácil na jornada da auréola. Agora começa a burocracia.
O processo começa pegando a senha de atendimento no Dicastério para as Causas dos Santos; do latim Dicasterium de Causis Sanctorum, se te interessa. Este é um órgão do Vaticano criado em 1588 pelo Papa Sixto V que tinha o objetivo de examinar os pedidos de santificação que chegavam à Igreja, para acabar com a bagunça que o negócio estava virando. Hoje ele ocupa um andar de um prédio lá na Praça São Pedro, em Roma.
O trabalho feito dentro desse órgão é envolto em um segredo e mistério que poucas pessoas têm acesso. Como é de se esperar, a escolha de um santo não se baseia unicamente em uma vida livre dos perigos e tentações noturnas, mas também nos interesses da Igreja, sejam eles políticos, econômicos, geográficos, raciais, ou sociais. Dependendo dos problemas Católicos, pode valer a pena acelerar o processo de um santo africano para aumentar o número de fiéis no continente. Eles podem querer se posicionar anti-escravidão: Santa Josefina Bakhita (Itália, 1947), nascida no Sudão, era uma escrava que virou feira, canonizada em 2000 por João Paulo II. Ou uma santa que tenha sofrido abusos domésticos para acenar aos direitos das mulheres: Santa Mônica (Óstia, 387) era constantemente traída, Santa Rita de Cássia (Itália, 1457) apanhava do marido e Santa Germaine (Toulouse, 1601) apanhava da madrasta.
Dependendo da causa, um santo pode ficar décadas ou séculos na fila de uma canonização até chegar a hora em que valha a pena investir no grupo ao qual ele possa ser atraente. Santa Kateri Tekakwitha (Canadá, 1680) só foi canonizada em 2012, por Bento XVI, provavelmente quando já valia a pena mandar um agrado do Vaticano aos povos indígenas nativos americanos.
Um time de marketing bem montado pode achar sua causa. Talvez ainda seja cedo demais para termos qualquer coisa próxima de um santo trans, otaku, ou fã de sertanejo, mas provavelmente você pode ter algo que soe atrativo para algum grupo que interesse à Igreja. João Paulo II (Vaticano, 2005) teve um processo rápido, sendo canonizado menos de 10 anos depois de sua morte, pelo Papa Francisco; talvez como uma última tentativa da Igreja de surfar na popularidade e carisma dele após o tumultuado papado de Bento XVI.
No caso de Carlo Acutis, os motivos são óbvios: atrair as gerações mais novas. É raro um processo de canonização ser tão rápido, mas aparentemente a gente precisa urgentemente de um santo padroeiro da internet (a expectativa é que Acutis tome esse posto) para rezar toda hora que o sinal da Claro cair. Ele também foi apelidado de “Influencer de Deus” e será oficialmente o primeiro santo Millenial.
A rápida canonização tem um empurrãozinho de João Paulo II, que em 1983 modernizou todo o processo. Antigamente o processo só poderia ser aberto depois de 50 anos da morte do candidato. O papa polonês reduziu esse tempo para cinco anos, cortou pela metade o número de milagres necessários e aboliu a posição do “advogado do diabo”, uma comissão que tinha o intuito de criar objeções para cada argumento a favor dos feitos sagrados de um possível santo.
Com tanta coisa, seu time de Relações Públicas deve ser bem diverso. Um processo desses não fica muito longe de uma campanha política. O cargo mais importante do seu time vai para o postulador, uma mistura de padre com despachante, que vai tocar o processo pelos caminhos obscuros da canonização. Ele que vai ser o chefão da sua causa. Talvez valha adicionar uns advogados para saber ler os tediosos documentos cheios de firulas e termos legais.
Além de gente para tratar a burocracia, um bom time publicitário é obrigatório. Esqueça esse negócio de ajudar velhinhas, falar com os animais, renegar os videogames ou transformar panetone em chocotone. Para ser santo, o primeiro passo é parecer santo, e a melhor forma de atingir esse objetivo é através do marketing. Como os milagres não vêm de forma fácil (já chegaremos neles lá no passo 4), o melhor caminho é o nome do venerável atingir o maior número de pessoas para aumentar as chances através da estatística.
Uma boa propaganda também pode ajudar a atrair investimentos, já que o processo também não sai barato. Em 2016, o Papa Francisco começou a tentar ajustar os valores do processo, já que o controle da Igreja sobre os gastos parecia não existir. Estimava-se, na época, que os valores de uma beatificação poderiam atingir 500.000 euros[17]daqui, dentre várias outras fontes que precisavam de um código javascript pra quebrar o paywall.. As coisas não parecem ter melhorado: o padre americano Maurice Nutt estima ter arrecadado um milhão de dólares no andamento do processo da Irmã Thea Bowman[18]Se quiser ajudar, reze pra ela e envie sua causa atendida aqui: https://www.fspa.org/content/about/sister-thea-bowman, que morreu em 1990[19]“You have to pay for everything – the chairs in St Peter’s Square, the mass, the cardinals who have to be flown in”, disse o padre, para o The Guardian.
Como já dizia Mateus 19:24[20]“E lhes digo ainda: é mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”, ninguém que tem um milhão de dólares em vida vai virar santo. Então um bom empresário, contador, e tesoureiro também são essenciais em seu time de relações públicas.
E, dependendo da sua vida, você também precisa de alguém para arrastar seus esqueletos para dentro de um armário…
Passo 3: Tenha uma vida impecável (ou quase)
Talvez esse teria que ser o passo 1, já que é impossível ter uma vida virtuosa e temente a Deus depois que já se está morto. Mas a verdade é que o leitor médio deste blog já tem uma vida bem herege e pecaminosa e a Igreja não vai perdoar mesmo, então a idéia de morrer o mais rápido possível para parar de pecar ainda se aplica. A luxúria e ostentação se resolvem depois com um bom time de Relações Públicas.
Pessoas como Walt Disney já sabiam o poder dessa propaganda. Ele trabalhou avidamente durante a vida para manter a imagem de indivíduo bom e mágico. Como ele mesmo confessou em 1962, em uma conversa com seu genro Ron Miller: “Eu tenho trabalhado minha vida toda para criar a imagem de quem é Walt Disney. Não sou eu. Eu fumo, eu bebo, e faço todas as coisas que eu não quero que o público pense que eu faço”[21]Ron Miller era jogador de futebol americano e casou-se com Diane (única filha biológica de Walt) em 1954. Walt aproveitou para manter as coisas em família e colocou Ron na empresa em um alto cargo. Ele viria a se tornar presidente da Disney em 1980, curiosamente quando finalmente a empresa começa a fazer filmes para adultos. A confissão da frase de Walt está no livro DisneyWar, de James B. Stewart, página 59: “As he put it in one outburst, “I’ve worked my whole life to create the image of what ‘Walt Disney’ is. It’s not me. I smoke, and I drink, and all the things that we don’t want the public to think about.” Miller had vowed that someday he would make adult films at Disney.“.
Mas, mesmo que sua vida não seja das mais tementes a Deus, nunca é tarde. Provavelmente já teve alguém pior que você que se arrependeu e virou santo. Só citados neste texto: São Dimas, que era o ladrão crucificado ao lado de Cristo e São Paulo, que era antes Saulo de Tarso, um perseguidor de cristãos.
Neste ponto, quem surpreende é Santo Agostinho (Argélia, 430), por ser filho de outra santa: Mônica (a santa que era traída pelo marido). Teólogo e filósofo, ele provavelmente puxou o pai no comportamento: boêmio, materialista, e depravado, tinha duas amantes e teve um filho fora do casamento.
São Moisés, o Negro (Egito, 405) tinha uma gangue e vivia do crime. Mesmo depois de se converter, não entendia como essa história de perdão funcionava: uma vez foi atacado por um grupo de ladrões, reagiu, os prendeu, e os arrastou até o monastério para perguntar para os outros monges o que fazer com eles.
São Genésio (Roma, 303) é outro santo padroreiro dos humoristas, atores e músicos, já que ele era um ator que fazia peças de teatro ridicularizando o cristianismo. São Longuinho (Capadócia, séc I) foi simplesmente o cara que, com uma lança, deu o golpe final em Jesus na cruz.
Entre as prostitutas: Santa Pelágia Penitente (Jerusalém, séc IV), Santa Maria do Egito (Palestina, 422), Santa Thais de Alexandria (Egito, séc IV), que além de prostituta, era rica; e, finalmente, Santa Margarida de Cortona (Itália, 1297), que é a padroeira das prostitutas, além de ser padroeira dos falsos acusados, dos vagabundos, dos sem-teto, dos loucos, dos órfãos, dos doentes mentais, das parteiras, dos penitentes, das mães solteiras, dos enteados, e dos mendigos; e não é possível que você não se encaixe em nenhuma dessas categorias[22]essa trabalha: https://en.wikipedia.org/wiki/Margaret_of_Cortona .
Aparentemente essa galera toda se arrependeu da vida pecaminosa antes de ir de arrasta. Então, se você quiser muito virar santo, talvez ainda dê tempo de aproveitar o pecado mais uns anos até acabar o dinheiro[23]dependendo do dinheiro e do pecado, talvez não chegue a durar por anos. Semanas, talvez, e depois alegar que viu um clarão, se mudar para um monastério e viver rezando até morrer. Mas lembre-se de prever sua morte e que ela seja trágica.
A vida de Carlo Acutis, no caso, começou a ser minuciosamente explorada logo depois dele morrer, em busca de qualquer sinal de pecado. Um comitê da arquidiocese local começou a coletar testemunhos de vizinhos, professores, e amigos. Seus escritos foram recolhidos e cuidadosamente examinados atrás de milagres e até seu histórico de internet foi pesquisado.
E provavelmente é aí que eu perderia essa briga: não quero ninguém vendo as coisas que eu pergunto para o Google nem depois de morto.
Passo 4: Organize suas tralhas
Tudo ótimo: você teve uma morte horrível, montou um time de relações públicas campeão, e a Igreja não descobriu seus podres. A prova que você está no caminho certo vem da própria Igreja. Neste momento ela pode conceder ao candidato o título canônico de “venerável”. Esse epíteto[24]epíteto: substantivo que se associa a um nome para qualificá-lo é a forma que a Igreja inventou para declarar que uma pessoa não é santa (ainda), mas teve uma vida de virtude heróica. Isso significa que ela demonstrou as virtudes teologais (fé, esperança, e caridade) e as virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza, e temperança).
O primeiro venerável foi São Beda (Inglaterra, 735), também conhecido como Venerável Beda. Mas não foi a Igreja que concedeu esse título a ele, e sim anjos que decidiram adicionar o termo no seu epitáfio que devia estar gramaticalmente um pouco pobre.
Uma atribuição mais corriqueira, Papa Francisco proclama uma média de 50 veneráveis por ano[25]fica até difícil acompanhar a lista. Dentre os novos considerados veneráveis, estão Vítor Coelho, padre devoto de Nossa Senhora Aparecida, cujo túmulo se encontra na capela de São José, em Aparecida[26]se quiser rezar por ele e for atendido, dá pra ajudar na beatificação aqui.
O atual venerável com a campanha mais assertiva talvez seja Guido Schäffer, médico brasileiro que morreu afogado em 2009, surfando no Rio de Janeiro[27]se quiser enviar provas de milagres, o time de Relações Públicas do Guido montou este site aqui. Uma canonização de Guido provavelmente daria ao brasileiro o título de padroeiro do surf (essa foi a causa que o time dele achou) e suas relíquias incluem pranchas de surf e estão expostas em um anexo da Santa Casa de Misericórdia; além de seus restos mortais estarem na Igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema (espalhar relíquias por aí, passo essencial na canonização). Um pedaço de praia no Recreio dos Bandeirantes também foi renomeado como Praia do Guido, em mais uma demonstração publicitária de que esse time de canonização sabe o que está fazendo.
Afinal, o marketing é importantíssimo na etapa mais difícil do processo: os milagres.
Foi-se o tempo que os santos faziam exuberantes milagres em vida, daqueles de deixar Penn & Teller boquiabertos. Santo Antônio de Lisboa/Pádua (Pádua, 1231) fez peixes tirarem as cabeças da água para ouvir suas orações, restaurou o pé amputado de um homem e era imune a veneno. São Fransisco de Assis (Assis, 1226) falava com os animais e fez um cego voltar a enxergar. São Martim de Porres (Peru, 1639) também falava com os animais, além de conseguir estar em dois lugares ao mesmo tempo e voar. Entre os santos que voavam, tem a Santa Teresa de Ávila (Espanha, 1582) e, principalmente, o São José de Cupertino (Itália, 1663), que devia ser um exibido que nem andava mais, só ia voando de um lado para o outro. Ele voava tanto que seus superiores da Igreja o isolaram, para ver se ele parava de brincar de super-homem.

Como o número de pessoas fazendo milagres assim misteriosamente despencou desde a popularização das câmeras fotográficas, a maioria dos novos santos hoje trabalha atendendo pedidos pós-vida. Ser venerável significa que católicos do mundo inteiro vão poder rezar por sua intercessão aos pedidos deles.
Após o primeiro milagre comprovado, a pessoa é beatificada. Só mais um milagre e a canonização vem. E é isso: dois milagres e a pessoa já vira santa. Não precisa exagerar que nem São Charbel (Líbano, 1898), que conta com cerca de 30.000 milagres[28]o cara trabalha. Fominha.
No caso de Carlo acutis, a beatificação veio após um milagre ocorrido no Mato Grosso do Sul: em 2013, um garoto chamado Matheus sofria de uma doença no pâncreas que o obrigava a manter uma dieta líquida. Ele visitou uma capela que continha uma roupa do santo, beijou o tecido e rezou para Acutis por uma cura. Algumas horas depois, o moleque tava metendo um PF pra dentro sem vomitar. Os médicos ficaram abismados com a mudança drástica e não conseguiram encontrar uma explicação científica para o caso. A história foi enviada ao dicastério, que solicitou exames e documentos adicionais. Em 2020, foi considerado que o caso era efetivamente um milagre e Acutis foi beatificado.
O caso de sucesso mostra a importância de uma rede de relíquias bem espalhadas por aí. As relíquias são objetos (ou qualquer coisa) que são preservados para serem venerados em uma religião. Há diferentes níveis de relíquias, que também influenciam na efetividade da oração e contam pontos na categorização do milagre.
Uma relíquia de Primeira Classe é uma parte do corpo do santo; uma relíquia de Segunda Classe é algo que ele possuiu; e uma relíquia de Terceira Classe é algo que ele tenha tocado.
Para as relíquias Primeira Classe, basta alguém bancar a Matsunaga e cortar o corpo bem cortadinho. De Santo Antônio de Lisboa/Pádua, há a língua que teria falado com os peixes, exposta na basílica de Pádua. De São Estevão da Hungria (Hungria, 1038), há a mão mumificada. Há ainda um dente de Santa Apolônia e, de Santa Catarina de Siena (Roma, 1380) expuseram a cabeça toda na basílica de São Domingos, em Siena. O sangue de Cristo está à mostra em igrejas na Bélgica, Espanha, Alemanha, Itália, França e Inglaterra. E há, espalhados por aí, pelo menos 18 prepúcios que seriam de Jesus.

Para as relíquias de Segunda Classe, o ideal seria você já começar a categorizar todos os seus pertences. Pregos e pedaços da cruz de Cristo também foram amplamente espalhados durante a Idade Média como relíquias de Segunda Classe, mesmo não pertencendo exatamente a Jesus; além do Santo Sudário, que estaria em Turim. De Santa Verônica (França, séc I) há o pano com o qual ela teria limpado o rosto de Jesus durante a Via Sacra, que seria ao mesmo tempo uma relíquia dela e de Jesus. E, claro, há pelo menos quatro igrejas que alegam ter o véu de Verônica verdadeiro. De São José (Jerusalém?, por volta de 12?), vários lugares alegam ter suas ferramentas de carpintaria. De João Paulo II, há a batina ensanguentada que ele usava durante o atentado de 1981, e essa sim dá pra acreditar que é a verdadeira.
Já nas relíquias de Terceira Classe pode tudo. É tudo o que o Santo tocou, o que significa que provavelmente tem uma embalagem de salgadinho por aí que Carlo Acutis comeu e que é uma relíquia católica.
Categorizar todos os seus pertences e andar com um post-it marcando por aí qualquer coisa que você tenha tocado deve ajudar muito sua equipe na hora da coleta de relíquias de Segunda e Terceira Classe.
A circulação de relíquias é um processo extremamente controlado e muito necessário. Quanto mais espalhadas pelo mundo as relíquias estão, maior a probabilidade de uma delas catalisar um milagre. Foi uma relíquia de Segunda Classe em uma cidade quente no meio de um país de terceiro mundo a responsável pelo primeiro milagre de Carlo Acutis. O garoto também tem centenas de relíquias de seu cabelo espalhadas por aí.
Com as relíquias disponíveis e a propaganda bem feita, resta esperar os milagres chegarem. A imensa maioria dos milagres é de ordem médica, naquele momento de desespero onde nenhum procedimento da ciência moderna parece funcionar e a pessoa recorre à religião. É difícil que o Vaticano aceite alguém virar santo por ter te ajudado a encontrar as chaves de casa, mas milagres não-médicos podem ocorrer: em 1975, a Igreja Católica aceitou um milagre na canonização de São Juan Macías (Peru, 1645) de multiplicação de comida, onde 750g de arroz e 750g de carne alimentaram mais de 150 pessoas em Olivenza, na Espanha. Os dois milagres da canonização de Santa Margarida Bays (Suíça, 1879) não foram médicos: ela salvou uma garota de dois anos de sofrer qualquer ferimento após atropelada por um trator e salvou o alpinista Marcel Menetrey de morrer na montanha (mas não salvou seus três amigos, que morreram).
Mas milagres na medicina são bem mais fáceis de serem aceitos por um simples motivo: a ciência não consegue explicar muita coisa. Se os médicos não tem uma explicação plausível para uma melhora súbita no estado de saúde de um paciente moribundo; e o paciente e sua família têm a sua explicação embebida na religião, é claro que médico nenhum deve duvidar do poder da fé de outrem.
O Dicastério para as Causas dos Santos vai julgar cada caso com seriedade e aprofundamento. Eles podem consultar outros médicos para pegar opiniões diferentes e distantes de cada caso; ou podem retornar ao remetente do milagre para mais informações do caso ou até solicitar exames posteriores. A crença na intervenção divina não parece abalar os exigentes membros do grupo, que buscam aumentar o nível de divindade dos santos. Quer uma auréola? Faça por merecer.
Mas eles são bem claros que o padrão com o qual eles olham para um milagre é baseado no atual estado da medicina, como não poderia deixar de ser. Eles não podem fazer um julgamento baseado no que a ciência vai descobrir no futuro.
E, como a ciência nunca vai desvendar todos os mistérios que existem (apesar de continuar tentando, claro), sempre haverá espaço para um milagre ou outro acontecer.
Agradecimentos
Fontes e referências
↑1 | eu tô muito chateado que aparentemente não existe um coletivo de santos na língua portuguesa |
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↑2 | não tem nada mais próprio de uma santa francesa do que perder a cabeça na guilhotina |
↑3 | a lista dos 30 está aqui |
↑4 | ver passo 1: mortes trágicas |
↑5 | continua lendo que eu já explico o que é venerável |
↑6 | Sério. Para alegria do pessoal do site Catholic Game Reviews |
↑7 | a mãe teria argumentado que o corpo de Acutis estava intacto, porém o bispo de Assis, Domenico Sorrentino, negou a versão e disse que o rosto do garoto foi parcialmente reconstruído com uma prótese de silicone. Mesmo assim, aparentemente, ter o corpo incorrupto não é uma exigência para uma canonização de sucesso. Que bom. |
↑8 | odeio dar datas futuras porque vou ter que vir atualizar este texto |
↑9 | OLHA AÍ A PÁ MALUCA! |
↑10 | enviem suas listas: bolaopenacova.com |
↑11 | eu queria muito ter inventado essa história, mas eu tirei daqui |
↑12 | do grego “carregador-de-cabeça |
↑13 | eu já viajei muito e isso nunca aconteceu comigo |
↑14 | curiosamente, existe outro santo com exatamente a mesma história: São Baudilus (França, séc III) |
↑15 | Mais uma prova que lugar de criança é na cadeia. |
↑16 | vai contando: https://www.stoketravel.com/stokepedia/the-horrible-history-of-barcelonas-saint-eulalia |
↑17 | daqui, dentre várias outras fontes que precisavam de um código javascript pra quebrar o paywall. |
↑18 | Se quiser ajudar, reze pra ela e envie sua causa atendida aqui: https://www.fspa.org/content/about/sister-thea-bowman |
↑19 | “You have to pay for everything – the chairs in St Peter’s Square, the mass, the cardinals who have to be flown in”, disse o padre, para o The Guardian |
↑20 | “E lhes digo ainda: é mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus” |
↑21 | Ron Miller era jogador de futebol americano e casou-se com Diane (única filha biológica de Walt) em 1954. Walt aproveitou para manter as coisas em família e colocou Ron na empresa em um alto cargo. Ele viria a se tornar presidente da Disney em 1980, curiosamente quando finalmente a empresa começa a fazer filmes para adultos. A confissão da frase de Walt está no livro DisneyWar, de James B. Stewart, página 59: “As he put it in one outburst, “I’ve worked my whole life to create the image of what ‘Walt Disney’ is. It’s not me. I smoke, and I drink, and all the things that we don’t want the public to think about.” Miller had vowed that someday he would make adult films at Disney.“ |
↑22 | essa trabalha: https://en.wikipedia.org/wiki/Margaret_of_Cortona |
↑23 | dependendo do dinheiro e do pecado, talvez não chegue a durar por anos. Semanas, talvez |
↑24 | epíteto: substantivo que se associa a um nome para qualificá-lo |
↑25 | fica até difícil acompanhar a lista |
↑26 | se quiser rezar por ele e for atendido, dá pra ajudar na beatificação aqui |
↑27 | se quiser enviar provas de milagres, o time de Relações Públicas do Guido montou este site aqui |
↑28 | o cara trabalha |
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