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God Save the Queen

Era 1952 quando Elizabeth II assumiu o trono britânico.

Isso a Globo não mostrou. A emissora ainda não existia e até mesmo a Glória Maria tinha apenas 3 anos. Chaves também não passava na TV (ainda levaria quase 20 anos para o primeiro episódio ir ao ar). Só tinha a Hebe cantando na TV Tupi. Também nunca tínhamos saído do planeta: ainda seriam necessários 5 anos para a União Soviética lançar o Sputnik, o primeiro satélite espacial. Três dos últimos quatro primeiro ministros britânicos ainda não haviam nascido. Sérgio Mallandro também não havia nascido. Nem Vladimir Putin tinha nascido ainda. Desde que Elizabeth se tornou rainha, o Brasil teve 20 presidentes (sem contar Tancredo Neves ou a junta militar)[1]http://nrt.paulovelho.com.br/play/queen/, o mundo teve 7 papas, o SBT teve 4 Bozos. Ela inaugurou o MASP e as obras da ponte Rio-Niterói (pessoalmente, quando veio ao Brasil, em 1968).

Ela possui o reinado mais longevo do Reino Unido, superando sua tataravó Victoria.

Brexits

Pode-se dizer também que o reinado de Elizabeth II é o último do Império Britânico. Apesar de ser bem difícil definir o exato ponto que marcou o fim do Império, é difícil se opôr à afirmação de que ele não existe mais. Pode ter sido com a independência da Índia em 1947, com a retirada das tropas do canal de Suez em 1956, com a perda final de suas colônias na África, na década de 80 ou até mesmo no recente 1997, quando a bandeira do Reino Unido foi baixada em Hong Kong, em frente às câmeras.

A dissolução do império inevitavelmente faz com que a rainha detenha um outro recorde consideravelmente mais desagradável: ela é a monarca bretã que mais perdeu territórios. O Império Britânico era em 1953 cerca de 30 vezes maior do que é hoje[2]As considerações de tamanho do território não levam em consideração a porção britânica da Antartica. O continente gelado é um tema delicado e algumas leis internacionais não reconhecem a existência do território britânico antártico – que, é meio que dividido/disputado com Argetina e Chile: O tema da divisão Antártica é complexo e delicado e, tal qual uma operação anti-corrupção brasileira, quanto mais se aprofunda nele, mais fascinante ele se torna. Honestamente ele merece um texto próprio, antes que eu acabe criando notas de rodapé dentro de notas de rodapé aqui.[3]http://www.bbc.com/news/magazine-27910375. O Reino Unido perdeu uma área equivalente ao Brasil em territórios:

No século XIX, era dito que o sol nunca se punha no Império Britânico, como forma de exaltar o seu tamanho: sempre tinha o sol brilhando em algum lugar do império (com exceção da Irlanda, aonde o sol não brilha nunca).

Império Britânico, 1953

Hoje, tudo o que resta ao Reino Unido é uma popular ilha européia do tamanho do estado de São Paulo e um punhado de ilhotas espalhadas pelo pacífico que, juntas, são menores do que a Escócia e com uma população de menos de meio milhão de pessoas.

Império Britânico Hoje

Mas, incrivelmente, como Randall Munroe apurou em seu espetacular livro “what if?”[4]o livro foi originado de um blog cujo conceito é cópia descarada deste humilde blog (ou vice-versa, já não sei ao certo), o Sol ainda está sempre brilhando em algum lugar do império, graças às Ilhas Pitcairn – um arquipélago de 47km² (menor que Walt Disney World) e 50 habitantes (menos do que algumas ceias de natal) que fica no Pacífico Sul[5]https://what-if.xkcd.com/48/.

No total, somando-se as áreas de suas ilhotas, o Império Britânico subiria 10 posições no ranking de países por área, com 315,809 km2, ligeiramente maior que a Polônia. Já em relação à população, não haveria grandes diferenças – as ilhas britânicas de South Georgia e South Sandwich, por exemplo, têm uma população de 30 habitantes (segundo o Google, então é verdade) – sempre imaginei que haveriam mais pessoas querendo morar em um lugar chamado “sanduíche do sul”.

Mas a maioria dos países que abandonaram o império ainda fazem parte de um grupo chamado Commonwealth, formado basicamente por ex-colônias britânicas e que busca fortalecer e ajudar na construção de progresso de todos os seus membros. Para fazer parte da Commonwealth o país deve ter por base a igualdade, o respeito, a busca pela paz, e, além dessa demagogia toda, deve reconhecer Elizabeth II como Head of the Commonwealth, um tipo de CEO de uma empresa que não faz nada, mas que tem vários sócios[6]eu realmente não entendi completamente como o commonwealth funciona ou pra que serve. Honestamente, não me interessou e eu não me aprofundei; mas, uma vez que mais de dois bilhões de pessoas fazem parte do grupo, é interessante saber que ele existe: https://www.worldatlas.com/articles/what-is-the-commonwealth.html.

Muito além do Commonwealth, Elizabeth ainda reina como entidade máxima monárquica em diversos países.

Windsorland Além do Reino Unido, há outros 15 países que têm Elizabeth como Rainha: Antigua e Barbuda, Australia, Bahamas[7] não esse Bahamas… , Barbados, Belize, Canadá, Grenada, Jamaica, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Saint Kitts and Nevis, Santa Lucia, São Vicente e Granadinas, Ilhas Salomão e Tuvalu.

Windsorland

Apesar de não pertencer ao mesmo império, esses países compartilham o mesmo reinado, todos se submetendo às ordens reais da Rainha. Para fins purametne didáticos, chamaremos esse conjunto de países de “Windsorland”[8]A “casa de Windsor” é relativamente nova, comparada com famílias reais milenares – mais nova até do que os Orleans e Bragança, tida como “a família real brasileira” (que recentemente vieram a público sugerir a volta da monarquia como uma das soluções para o caos político nacional, coitados). Isso porque a família real inglesa tinha como sobrenome Saxe-Coburg and Gotha, uma dinastia originalmente germânica. Em 1917, por conta de um pequeno desentendimento com os alemães (popularmente conhecido como Primeira Guerra Mundial), não pegava muito bem utilizar um sobrenome germânico, então a família real inglesa trocou o seu sobrenome para algo que soasse mais britânico. Elizabeth é somente a quarta monarca da casa de Windsor, depois de seu pai, George VI; seu tio, Edward VIII e seu avô, George V..

Se considerarmos Windsorland como um único país, resultado da soma de todas as suas terras, ele seria o maior país do mundo, com 18.805.114 km² (acima da Rússia, que tem atualmente pouco mais de 17 milhões de km², mas anda trabalhando para aumentar esse número) e o décimo colocado em número de habitantes, com mais de 145,8 milhões de súditos, se posicionando entre Japão (126,5 milhões) e Rússia (146,8 milhões). Nada mal para um império que não existe mais.

Elizabeth II ainda possui uma certa dose de poder nos territórios de Windsorland. Certamente não são os poderes que os monarcas tinham no auge do absolutismo – e alguns deles soam um tanto quanto inúteis -, mas ainda assim eles seguem um pouco além da figura meramente decorativa que se espera da monarquia.

Ela tem poder suficiente, por exemplo, para formar ou destruir governos. Em junho de 2017, Theresa May foi pedir autorização à Elizabeth II para formar um novo governo na Inglaterra, uma vez que a atual primeira-ministra britânica assumiu graças à renúncia de David Cameron, em conseqüência do Brexit. A rainha jamais negaria tal pedido, pois isso seria interferir na democracia. Em 1975, porém, ela autorizou a demissão total de todo o governo australiano. Um mês depois, a Austrália teve novas eleições para substituir o governo que foi despedido pela rainha. Mesmo envolta em uma cortina de burocracia parlamentar inglesa, a rainha ainda é um pouco mais do que uma simples peça decorativa pra inglês ver. Um poder político bem maior é o de aprovar ou vetar leis; mais precisamente toda lei que envolva a monarquia precisa ser aprovada pela rainha. Em 1999, Elizabeth vetou uma lei que transferia o poder de autorizar o lançamento de mísseis contra o Iraque da monarquia para o parlamento[9]tá aqui uma lista de leis que tiveram que ser autorizadas pela família real: https://www.theguardian.com/uk/2013/jan/14/secret-papers-royals-veto-bills.

Apesar de todas suas ações políticas serem movidas por ministros, ainda assim há brechas: ela pode ignorar ou ir contrário às recomendações ministeriais se considerar que o país está em uma “grave crise constitucional”, o que é um estado altamente relativo (certamente os Orleans e Bragança já teriam agido no Brasil se tivessem essa brecha).

Mas os poderes de Elizabeth II não se limitam à política: Ela tem o poder de criar lordes, que ganham a liberdade de tomar um assento no andar superior do parlamento inglês. Por conta dessa importância, esse poder é só usado sob o aconselhamento de seus ministros. Mais flexível é a habilidade de criar cavaleiros, que, como recompensa, ganham o divertido título de “sir”[10]Jerry Seinfeld têm um texto de stand-up incrível numa apresentação que ele fez em algum evento com Barack Obama e Paul McCartney na platéia. Em certo momento, ele falou sobre o ex-beatle: “He’s a sir. And not as ‘I’m sorry, sir, there’s no more compact cars available…’, he’s a real sir. When Paul McCartney steps up to the enterprise counter and they go ‘yes, sir, can I help you?’, they mean it!” https://www.youtube.com/watch?v=SzpVE5ixAG8[11]ainda assim, “sir” não é um título monárquico tão legal quanto aquele eu particularmente ocupo: barão do principado de Sealand.. Também a criação de cavaleiros é feita sob recomendação de ministros, mas com a aprovação final da rainha – o que iria contra a minha idéia de sair na rua criando lordes aleatoriamente (“Aqui seu troco”, “obrigado, senhor. Agora você é um lorde”). Ela também ainda tem o poder do perdão, salvando condenados da forca, se eles ainda fossem enforcados.

A mais desejada vantagem de ser uma rainha talvez seja a isenção de impostos: É difícil imaginar Elizabeth fazendo seu imposto de renda – e ela realmente não precisa fazer. Mesmo assim, como um gesto de bom grado, desde 1992 ela paga seus impostos – um recolhimento de quase £10 milhões por ano [12] é imposto pra caceta: http://metro.co.uk/2017/11/06/does-the-queen-pay-taxes-and-how-much-does-it-cost-her-7056752/.

Também de extrema utilidade é a incapacidade de receber processos: em teoria, a realeza seria “incapaz de pensar em fazer algo errado” – uma imunidade altamente questionável. Assim, apesar do ditado que ninguém está acima da lei, a rainha está: ela não pode ser julgada ou ser chamada para depôr em tribunais – e por isso mesmo, de acordo com a própria realeza britânica, os monarcas redobram seus cuidados para não fazerem nenhuma ação que vá contra as leis.

A rainha também não precisa de passaporte[13]o que me faz lembrar que os presidentes precisam, o que me diverte imaginar o Lula tendo que ir na PF pra renovar o dele e nem de carteira de motorista – é notório, aliás, que Elizabeth II é uma exímia motorista: ela atuou como motorista de ambulância durante a Segunda Guerra Mundial e, se preciso, é capaz até de fazer pequenos consertos e chupetas reais.

Elizabeth II têm dois aniversários: O “real” (no sentido de verdadeiro) e o “real” (no sentido de monárquico). Sua data de nascimento é 21 de abril, mas o aniversário é geralmente comemorado em algum sábado de junho. Como o pessoal de sangue azul nem sempre segue o saudável hábito de nascer no verão, culturalmente criou-se o costume de celebrar os aniversários monárquicos em algum outro dia que não o do nascimento. Ainda assim, Elizabeth celebra ambos.

E não deve ser fácil pensar num presente bom: entre as notórias posses da rainha, são dela todos os cisnes do Tâmisa (o que, por algum motivo, é um fato notório para todo mundo que já morou em Londres) e também tem sob seu domínio todos os golfinhos e baleias das águas costeiras britânicas. Até escrever um cartão de aniversário seria um problema, já que ela deve estar acostumada com termos rebuscados e prolixos – conseqüência provável de ter seu poeta particular: o cargo é geralmente ocupado por algum escritor cujo trabalho seja de importância nacional e o escolhido recebe como pagamento um barril de Sherry[14]Carol Ann Duffy é a atual poetisa particular da rainha e ficará no cargo até 2019..

Lógico que sempre há a chance de dar um envelope de dinheiro – apesar de não ser realmente preciso: além de ter uma fortuna estimada em cerca de £425 milhões de libras[15]dados de 2016: http://fortune.com/2016/04/21/tqueen-elizabeth-birthday-net-worth/, ela possui no porão do palácio de Buckingham seu ATM particular. Isso sem contar que a fuça real está presente em todas as notas de libra em circulação, portanto, no fundo, ela paga o mercadinho com fotos de si mesma[16]Há uma piada recorrente em clubes de stand-up ingleses de que deve ser terrível ser o príncipe William e, toda vez que vai em um strip-club, colocar fotos da própria avó nas calcinhas das dançarinas..

Se eu cair, portanto na difícil missão de dar um presente de aniversário para a rainha, provavelmente escolheria algo como sandálias de pneu. O que, curiosamente, não seria a coisa mais estranha que a rainha recebe.

O Duque de Atholl[17]Atualmente: Bruce Murray https://en.wikipedia.org/wiki/Bruce_Murray,_12th_Duke_of_Atholl deve dar uma rosa à rainha toda vez que ela pedir (a última que pediu foi a Rainha Victoria). Já o Marquês de Ailesbury[18]Atualmente: Michael Brudenell https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Brudenell-Bruce,_8th_Marquess_of_Ailesbury detém controle sobre os territórios da floresta de Savernake e deve soprar uma corneta de caça toda vez que a rainha passar por seus territórios (a última vez que isso aconteceu foi em 1943). A cidade de Gloucester deve pagar à rainha todo ano uma torta de enguia[19]eles mandam a cada jubileu da rainha, mas recentemente, devido à escassez do peixe em águas inglesas, eles importam as enguias do Canadá. http://www.bbc.com/news/uk-england-gloucestershire-34187086. Em 13 de agosto, o Duque de Marlborough[20]Atualmente: James Spencer-Churchill https://en.wikipedia.org/wiki/James_Spencer-Churchill,_12th_Duke_of_Marlborough deve presentear a rainha com uma bandeira contendo uma flor de lis, em memória à batalha de Blenheim e o Duque de Wellington[21]Atualmente: Charles Wellesley https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Wellesley,_9th_Duke_of_Wellington deve apresentar uma bandeira francesa antes do meio-dia de cada 19 de junho, aniversário da Batalha de Waterloo. E quem quer que seja o proprietário do Foulis Castle[22] Atualmente: Clan Munro https://en.wikipedia.org/wiki/Clan_Munro deve ser capaz de providenciar à rainha uma bola de neve em pleno verão, se ela assim solicitar (ela nunca solicitou, infelizmente).

London Bridge is down

Em algum momento no futuro, até mesmo a rainha morrerá. Provavelmente depois de mim, mas essa hora chegará a todos (menos ao Silvio Santos). As 88 listas do Bolão Pé na Cova[23]o Bolão Pé na Cova é o maior bolão de apostas em mortes de celebridades do mundo, mesmo que o Guinness Book não queira aceitar meu recorde. http://bolaopenacova.com/ que contém seu nome este ano deixam a impressão que esse momento não tardará a chegar.

O secretário particular da rainha, Sir Christopher Geidt, telefonará para a primeira-ministra (ou o primeiro ministro – quem quer que esteja no cargo, já que é possível que Theresa May deixe o mandato antes da rainha bater as botas; aliás, temos que também pensar na possibilidade do secretário, hoje com 56 anos, morrer antes da rainha) e passará o código “London Bridge is Down”[24]..que já deve ter mudado depois que o The Guardian publicou seu extenso e excelente artigo sobre o assunto. Não faz sentido usar um código se todo mundo sabe dele.. O governo britânico passará a notícia inicialmente para todos os 36 territórios que fazem parte da nossa fictícia Windsorland. A notícia chegará rápido para a população – pelo menos, mais rápido do que da última vez: quando George VI empacotou, o plano “Hyde Park” foi colocado em prática e a notícia só chegou a público quatro horas após o obituário. Não só será mais rápido, mas também será em um mundo novo: todas as rádios que atuam na Inglaterra ficam sabendo do falecimento com um tempo de preparação para que possam definir o clima do povo para o recebimento das notícias – elas possuem, por exemplo, uma playlist para ir lentamente alterando as músicas para uma pegada mais triste. O spotify, entretanto continuará o mesmo.

Os nove dias seguintes serão de luto, funerais e rituais milenares de transição. Por todo o país, bandeiras cairão e sinos badalarão[25]taí um verbo legal. O sino de Sebastopol será novamente tocado: ele só é batido na ocasião da morte de um rei, tendo soado 56 vezes em 1952, das 13h27 às 14h22, uma badalada para cada ano de vida de George VI. Taí um sino que vai ser bem gasto em breve. No quarto dia após sua morte, seu caixão será colocado em Westminster e uma fila para visitação pública se formará para inundar a internet com o maior número de selfies com um cadáver que a história já viu. Acredita-se que a organização do funeral real[26]não sei por que eles não chamam oficialmente de Funeroyal se reuniu pela primeira vez antes de 1960 e, mais recentemente, fazem duas ou três reuniões anuais para atualizar os planos. Mas a rainha insiste em continuar viva.

Na primeira noite após ela empacotar, os sucessores reais serão apresentados. Antes de começar os trabalhos de pesquisa para este artigo, eu acreditava que Charles poderia renunciar para que seu filho William assumisse o trono. A lógica é que Charles é feio, entediante e impopular, principalmente depois do divórcio da eterna-princesa Diana. Já William é carismático, galã[27]ao lado de Ed Sheeran e Johnny Depp, príncipe William encabeça a deliciosa categoria dos galãs feios e mais querido pelo povo inglês. Além de Kate Middleton ser também mais querida e carismática do que Camilla. Mas seria extremamente difícil que Charles abdique: ele está há 66 anos como próximo da fila para ser rei – mais do que qualquer outra pessoa já ficou e, atualmente com 69 anos, ele seria o mais velho monarca britânico a assumir o trono.

Charles fará um discurso e os trompetistas reais sairão no balcão do Palácio de Buckingham e soarão suas trombetas. O Garter King of Arms[28]eu não sei como traduzir este termo[29]O atual Garter King of Arms é um genealogista chamado Thomas Woodcock. O salário dele é de £49,07 e não é aumentado desde a década de 1830. Não deixa seu chefe saber disso, vai tirar qualquer pretexto que você tenha para pedir um aumento. dará a primeira trombetada, iniciando a cerimônia de proclamação do novo Rei Charles[30]não confundir com Ray Charles. A pedra do destino será trazida novamente de Edinburgo, colocada debaixo do trono da Abadia de Westminster e o novo monarca britânico será coroado.

Apesar de ser próximo rei, o cargo Head of the Commonwealth não é hereditário e ninguém sabe exatamente como eleger o próximo chefão. A figura emblemática da rainha pode ser o que tenha segurado o Commonwealth e mantido Windsorland tão grande até o momento. Assim, o novo rei já pode começar o reinado perdendo mais e mais terras: a Austrália já expressou publicamente um desejo imenso de se tornar uma república. É bem provável que a morte da rainha seja o empurrão definitivo para uma troca de governo. Se o Brexit realmente for pra frente, é também extremamente provável que Escócia e Irlanda do Norte abandonem o Reino Unido em um futuro próximo. E, como se não fosse o bastante, a ilha de Tuvalu deverá afundar no meio do Pacífico nos próximos 30 a 50 anos[31]pobre Tuvalu: https://uk.reuters.com/article/environment-tuvalu-dc/tuvalu-about-to-disappear-into-the-ocean-idUKSEO11194920070913. A tendência de Windsorland é somente diminuir cada vez mais.

E, mesmo terminando seu reinado com um pentelhésimo do território com a qual começou e sem poder realmente continuar chamando de império, não há dúvidas que Elizabeth será lembrada na história como uma grande rainha.

God save the queen.

Fontes e referências

Fontes e referências
1 http://nrt.paulovelho.com.br/play/queen/
2 As considerações de tamanho do território não levam em consideração a porção britânica da Antartica. O continente gelado é um tema delicado e algumas leis internacionais não reconhecem a existência do território britânico antártico – que, é meio que dividido/disputado com Argetina e Chile: O tema da divisão Antártica é complexo e delicado e, tal qual uma operação anti-corrupção brasileira, quanto mais se aprofunda nele, mais fascinante ele se torna. Honestamente ele merece um texto próprio, antes que eu acabe criando notas de rodapé dentro de notas de rodapé aqui.
3 http://www.bbc.com/news/magazine-27910375
4 o livro foi originado de um blog cujo conceito é cópia descarada deste humilde blog (ou vice-versa, já não sei ao certo)
5 https://what-if.xkcd.com/48/
6 eu realmente não entendi completamente como o commonwealth funciona ou pra que serve. Honestamente, não me interessou e eu não me aprofundei; mas, uma vez que mais de dois bilhões de pessoas fazem parte do grupo, é interessante saber que ele existe: https://www.worldatlas.com/articles/what-is-the-commonwealth.html
7 não esse Bahamas…
8 A “casa de Windsor” é relativamente nova, comparada com famílias reais milenares – mais nova até do que os Orleans e Bragança, tida como “a família real brasileira” (que recentemente vieram a público sugerir a volta da monarquia como uma das soluções para o caos político nacional, coitados). Isso porque a família real inglesa tinha como sobrenome Saxe-Coburg and Gotha, uma dinastia originalmente germânica. Em 1917, por conta de um pequeno desentendimento com os alemães (popularmente conhecido como Primeira Guerra Mundial), não pegava muito bem utilizar um sobrenome germânico, então a família real inglesa trocou o seu sobrenome para algo que soasse mais britânico. Elizabeth é somente a quarta monarca da casa de Windsor, depois de seu pai, George VI; seu tio, Edward VIII e seu avô, George V.
9 tá aqui uma lista de leis que tiveram que ser autorizadas pela família real: https://www.theguardian.com/uk/2013/jan/14/secret-papers-royals-veto-bills
10 Jerry Seinfeld têm um texto de stand-up incrível numa apresentação que ele fez em algum evento com Barack Obama e Paul McCartney na platéia. Em certo momento, ele falou sobre o ex-beatle: “He’s a sir. And not as ‘I’m sorry, sir, there’s no more compact cars available…’, he’s a real sir. When Paul McCartney steps up to the enterprise counter and they go ‘yes, sir, can I help you?’, they mean it!” https://www.youtube.com/watch?v=SzpVE5ixAG8
11 ainda assim, “sir” não é um título monárquico tão legal quanto aquele eu particularmente ocupo: barão do principado de Sealand.
12 é imposto pra caceta: http://metro.co.uk/2017/11/06/does-the-queen-pay-taxes-and-how-much-does-it-cost-her-7056752/
13 o que me faz lembrar que os presidentes precisam, o que me diverte imaginar o Lula tendo que ir na PF pra renovar o dele
14 Carol Ann Duffy é a atual poetisa particular da rainha e ficará no cargo até 2019.
15 dados de 2016: http://fortune.com/2016/04/21/tqueen-elizabeth-birthday-net-worth/
16 Há uma piada recorrente em clubes de stand-up ingleses de que deve ser terrível ser o príncipe William e, toda vez que vai em um strip-club, colocar fotos da própria avó nas calcinhas das dançarinas.
17 Atualmente: Bruce Murray https://en.wikipedia.org/wiki/Bruce_Murray,_12th_Duke_of_Atholl
18 Atualmente: Michael Brudenell https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Brudenell-Bruce,_8th_Marquess_of_Ailesbury
19 eles mandam a cada jubileu da rainha, mas recentemente, devido à escassez do peixe em águas inglesas, eles importam as enguias do Canadá. http://www.bbc.com/news/uk-england-gloucestershire-34187086
20 Atualmente: James Spencer-Churchill https://en.wikipedia.org/wiki/James_Spencer-Churchill,_12th_Duke_of_Marlborough
21 Atualmente: Charles Wellesley https://en.wikipedia.org/wiki/Charles_Wellesley,_9th_Duke_of_Wellington
22 Atualmente: Clan Munro https://en.wikipedia.org/wiki/Clan_Munro
23 o Bolão Pé na Cova é o maior bolão de apostas em mortes de celebridades do mundo, mesmo que o Guinness Book não queira aceitar meu recorde. http://bolaopenacova.com/
24 ..que já deve ter mudado depois que o The Guardian publicou seu extenso e excelente artigo sobre o assunto. Não faz sentido usar um código se todo mundo sabe dele.
25 taí um verbo legal
26 não sei por que eles não chamam oficialmente de Funeroyal
27 ao lado de Ed Sheeran e Johnny Depp, príncipe William encabeça a deliciosa categoria dos galãs feios
28 eu não sei como traduzir este termo
29 O atual Garter King of Arms é um genealogista chamado Thomas Woodcock. O salário dele é de £49,07 e não é aumentado desde a década de 1830. Não deixa seu chefe saber disso, vai tirar qualquer pretexto que você tenha para pedir um aumento.
30 não confundir com Ray Charles
31 pobre Tuvalu: https://uk.reuters.com/article/environment-tuvalu-dc/tuvalu-about-to-disappear-into-the-ocean-idUKSEO11194920070913
32 https://www.townandcountrymag.com/society/tradition/a10021776/prince-charles-name-change-king/
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Viajar é preciso

Viajar pelo mundo é um sonho comum. Há tanto a se ver, tantos lugares para visitar, comidas para comer, montanhas a escalar, rios a nadar, praias a surfar, florestas para se perder, museus a explorar que uma vida parece pouco para se conhecer tudo. E realmente é. Mas quanto tempo exatamente seria necessário para conhecer o mundo?

Para começar, é preciso estabelecer a primeira definição: Como seria essa viagem? É possível viajar de várias formas, como já descobriram os Beatles em sua fase psicodélica. A forma mais básica e barata de viajar talvez seja simplesmente sair andando por aí.

Método 1: Saia andando por aí

O mundo é um negócio grande. São 510.072.000 km² (ou 5,1×10^8 km², se quisermos usar notações científicas aproximadas, que facilitariam nossas contas). Destes, 149 milhões de km² são de terra e 361 milhões km² de água, sem contar com os 14 milhões de km² da Antartica, que, tecnicamente, deveriam entrar na categoria “água”.

Como não podemos andar sobre as águas (salvo certas exceções[1]inri-cristohttps://nrt.paulovelho.com.br/wp-content/uploads/2016/02/inri-cristo-150x150.jpg 150w, https://nrt.paulovelho.com.br/wp-content/uploads/2016/02/inri-cristo.jpg 450w" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" />), então podemos desconsiderar a viagem por mais da metade do planeta. Mesmo porque não haveria muito o que se ver a não ser uma grande imensidão azul molhada.

Não seria preciso também andar por cada centímetro quadrado do planeta. O objetivo é ver de tudo e não pisar em cada pedaço de chão. Assim, podemos definir uma área de visão e, a partir dela, definir quanto seria necessário andar para cumprirmos o objetivo.

Em uma gigantesca planície, um homem de 1,80m consegue enxergar até 5km de distância[2]ver: http://www.livescience.com/32111-how-far-away-is-the-horizon.html e http://blogs.discovermagazine.com/badastronomy/2009/01/15/how-far-away-is-the-horizon. Parece muito pouco – e realmente é. Há outros efeitos a se levar em conta, como a refração atmosférica. No alto de uma montanha, evidentemente seria possível enxergar até centenas de quilômetros de distância, porém, em um vale a visão é reduzida. Outras variáveis, como a neblina ou um amontoado florestal também são limitantes, então, considerando todas as médias, talvez um campo de visão de 5km seja suficiente para nossas contas[3]Sabendo que, quanto mais alto, maior o campo de visão, seria possível economizar alguns dias, aumentando o campo de visão. Pode-se fazer isso andando por aí de salto ou de perna-de-pau, por exemplo..

A velocidade média de caminhada é de 5 km/h. Reservando tempo para dormir, comer e tomar um vinho e um banho e caminhando 9 horas por dia, seriam necessários mais de 900 anos para se andar pelo mundo todo. 46 anos só considerando a Austrália. A idéia básica seria seguir uma linha longitudinal indo e voltando, o que ainda ocasionaria em passar algumas vezes pelo mesmo lugar (para voltar de penínsulas, por exemplo).[4]Com uma perna de pau de dois metros, o raio de visão médio pode chegar a 7,1km e o tempo de viagem pode ser reduzido para 860 anos. Com um zepelin voando a 500m de altura, raio de visão de 80km e velocidade de 14km/h, em pouco mais de 243 anos é possível ter visto o entediante mundo todo.

saia andando…

Seguindo esse algoritmo, só para andar pelo deserto do Saara, seriam necessários mais de 50 anos. Mas também seria possível andar por toda a cidade de São Paulo, com seus 1500 km² em pouco mais de 4 dias, o que não faz muito sentido, já que esse é o tempo apenas para ir de carro de uma ponta a outra da marginal tietê.

Para percorrer áreas urbanas, o campo de visão é limitado. Dessa forma seria melhor definir “conhecer” uma cidade caso você ande por todas as ruas dela. Usando São Paulo como referência, ela possui 17200km de ruas o que, caminhando à 5km/h, nos dá 3440 horas caminhando ou equivalente a 382 dias para conhecer seus 1521km².

Seria equivalente a ter um raio de visão de apenas 44,2 metros; o que parece bastante razoável em uma metrópole onde se estivesse rodeado de prédios, a visão do horizonte ser limitada a algumas dezenas de metros até o amontoado de tijolos mas próximo.

Utilizando o raio de visão de São Paulo como parâmetro, nossa viagem se torna 200 anos mais longa.

Assim, o próprio Matusalem, homem mais velho da história do qual se tem registro (ao menos assim diz a biblia), não conseguiria andar o mundo todo ao longo dos seus 969 anos de vida.

Método 2: Pacotes de viagem

Nem todos nós, porém, temos 900 anos sobrando pra sair andando por aí.

A maioria de nós, na verdade, possui três semanas por ano e ânimo só o suficiente pra comprar um pacote daquela compania de viagens popularesca, de três letras que eu não vou dizer o nome aqui porque eles não responderam meus e-mails.

Eles oferecem um pacote que permite “conhecer” 9 países em 23 dias. Seguindo a lógica, seria possível visitar todos os 196 países do globo em pouco mais de 500 dias. Com 30 dias de férias a cada 335 dias miseráveis de trabalho, uma pessoa conseguiria visitar todos os países em cerca de 25 anos.

Método 3: Proporcional ao número de habitantes

Excursões são um saco e sair andando por aí talvez não seja a forma de viagem mais eficiente. Só para caminhar pelos mais de 9 milhões de km² do deserto do Saara, levaria mais de 57 anos. Como passar 50 anos andando pelo deserto não parece ser o tipo de turismo que agradaria muita gente, eu acabei desenvolvendo um próprio sistema estimativo de viagem.

Após alguns anos viajando por aí, acredito que conheço um pouco sobre viagens. Sei, com alguma experiência, que o tempo necessário para conhecer uma cidade como Londres, com seus 1500km² e quase 9 milhões de habitantes é muito maior do que para conhecer Dar Es Salaam, na Tanzânia, com os mesmos 1500km², mas com menos de 1,4 milhões de habitantes.

A idéia então se baseia no conceito que cidades maiores demograficamente precisam de mais tempo para serem exploradas. Quanto mais pessoas habitam uma cidade, mais coisas há para se conhecer nela. Isso pode ser verdade para Nova York, Londres, San Francisco, Tokio, São Paulo, Buenos Aires e pode não ser tanta verdade para as densamente habitadas Chongqing (China), Dhaka (Bangladesh) ou Lagos (Nigeria). Mas o contrário também pode ocorrer e cidades com pouquíssimos habitantes podem ser tão ricas que seria necessário mais tempo para desfrutá-las, como Te Anau (Nova Zelândia, 1900 habitantes, local dos dois mais lindos e fantásticos fjords do hemisfério sul) ou o Serengeti (um dos maiores parques naturais da África, com 30000km² e nenhum habitante) – sem contar, novamente a Antártida, o único continente com uma população de zero habitantes, mesmo com os governos do Chile e Argentina acusados de enviarem mulheres grávidas para terem filhos no continente nascidos com a nacionalidade antartica.

Na média, a idéia é encontrar um equilíbrio e o tempo desnecessário que seria gasto a mais em cidades populosas e entediantes pode ser usado para compensar as cidades pequenas e incríveis.

O problema básico dessa abordagem é evidente: é impossível conhecer tudo (não que seja realmente possível caminhar 900 anos por aí). Por exemplo: se comêssemos pizza todas as noites em um lugar diferente, seriam necessários 13 anos para termos ido em todas as pizzarias de São Paulo[5]Haja mozzarela: http://noticias.r7.com/economia/noticias/sao-paulo-consome-mais-da-metade-das-pizzas-produzidas-no-brasil-20100710.html.

Seis meses talvez seja um tempo razoável para se dizer que se conhece uma grande metrópole. Nas contas adotadas, qualquer cidade com mais de 5 milhões de habitantes exigiu um período de seis meses de visitação. Talvez não seja o suficiente para metrópoles como Londres e New York, mas honestamente, uma vida não é o suficiente para essas cidades.

Existem hoje 75 cidades com mais de 5 milhões de habitantes. Dentre elas, 18 estão na China. Estados Unidos e Índia agraciam a lista com mais 9 cidades cada um.[6]Demographia. Excelente pdf: http://www.demographia.com/db-worldua.pdf (cuidado: pdf) Considerando o prazo máximo de seis meses, seriam cerca de 40 anos para conhecer as 100 cidades mais populosas do mundo.

Mas cidades populosas são apenas uma pequena fração do que há para ser conhecido. Convenientemente tomando a Alemanha como exemplo[7]Três motivos foram escolhidos para tomar a Alemanha como parâmetro: experiência pessoal de um dos autores (que atualmente mora em Berlim), tamanho do país (por ser pequeno, mas não tanto, é mais fácil fazer as contas) e facilidade em encontrar dados disponíveis (o Brasil infelizmente não possui tantos dados disponíveis sobre suas cidades). E há um motivo extra: porque eu quero.: São 2059 cidades[8]Lista de cidades na Alemanha: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cities_and_towns_in_Germany (considerando aquelas que possuem uma administração independente), sendo que 16 delas possuem mais de 500 mil habitantes e apenas 3 delas possuem mais de 1 milhão de habitantes. Seguindo a distribuição de viagem por densidade demográfica, seriam quatro meses para conhecer Berlim (o que talvez não seja o suficiente), dois meses para Hamburgo e 34 dias para Cologne (o que seria talvez um exagero). Em dois anos e meio seria possível conhecer completamente todo o país. Fácil se comparado com o Brasil, que dependeria de quase 18,5 anos de turismo.

No total, o mundo todo dependeria de 692,5 anos de viagem para ser conhecido. Um resultado que não foge muito dos 900 anos de caminhada no quesito “impossibilidade”, portanto estranhamente acurado.

Método 4: Desista (ou não)

Se um homem viajasse por 700 anos para conhecer o mundo todo, ao final de sua expedição, o mundo seria diferente do que era quando ele começou. Mais do que isso: as viagens tornaram o homem diferente. Um mesmo homem não sobe a mesma montanha duas vezes, já que o homem que desce é diferente daquele que sobe, porque a montanha muda o homem.

A impossibilidade de conhecer tudo torna a aventura ainda mais empolgante. Sempre há algo novo pra aprender, um novo lugar pra visitar, uma cerveja diferente pra beber, uma experiência diferente para se ter.

Mesmo sabendo que é impossível, a diversão é tentar. Então o melhor a fazer é sair andando por aí logo.

Fontes e referências

Fontes e referências
1 inri-cristohttps://nrt.paulovelho.com.br/wp-content/uploads/2016/02/inri-cristo-150x150.jpg 150w, https://nrt.paulovelho.com.br/wp-content/uploads/2016/02/inri-cristo.jpg 450w" sizes="(max-width: 300px) 100vw, 300px" />
2 ver: http://www.livescience.com/32111-how-far-away-is-the-horizon.html e http://blogs.discovermagazine.com/badastronomy/2009/01/15/how-far-away-is-the-horizon
3 Sabendo que, quanto mais alto, maior o campo de visão, seria possível economizar alguns dias, aumentando o campo de visão. Pode-se fazer isso andando por aí de salto ou de perna-de-pau, por exemplo.
4 Com uma perna de pau de dois metros, o raio de visão médio pode chegar a 7,1km e o tempo de viagem pode ser reduzido para 860 anos. Com um zepelin voando a 500m de altura, raio de visão de 80km e velocidade de 14km/h, em pouco mais de 243 anos é possível ter visto o entediante mundo todo.
5 Haja mozzarela: http://noticias.r7.com/economia/noticias/sao-paulo-consome-mais-da-metade-das-pizzas-produzidas-no-brasil-20100710.html
6 Demographia. Excelente pdf: http://www.demographia.com/db-worldua.pdf (cuidado: pdf)
7 Três motivos foram escolhidos para tomar a Alemanha como parâmetro: experiência pessoal de um dos autores (que atualmente mora em Berlim), tamanho do país (por ser pequeno, mas não tanto, é mais fácil fazer as contas) e facilidade em encontrar dados disponíveis (o Brasil infelizmente não possui tantos dados disponíveis sobre suas cidades). E há um motivo extra: porque eu quero.
8 Lista de cidades na Alemanha: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_cities_and_towns_in_Germany